quinta-feira, 3 de julho de 2008

A reconstrução da mama


A reconstrução da mama



Uma vez que se extirpe um tumor mamário e o tecido que o rodeia (mastectomia), pode-se reconstruir a mama mediante um implante salino, de silicone ou, numa operação mais complexa, de tecido extraído de outras zonas do corpo da mulher, normalmente do abdómen.
Em muitas mulheres, uma mama reconstruída parece mais normal do que a tratada com radioterapia, em especial se o tumor era grande. Se for usado um implante salino ou de silicone e se se tiver deixado pele suficiente para o cobrir, a sensibilidade da pele que reveste o implante é relativamente normal, mas ao tacto nenhum tipo de implante se assemelha ao tecido mamário. Se for usado tecido de outras partes do corpo, perde-se grande parte da sensibilidade da pele, já que esta também pertence a outra parte do organismo. Contudo, este tipo de implante parece-se mais com o tecido mamário do que um implante salino ou de silicone.


Não existe um tratamento eficaz para o cancro da mama que se espalhou e que se converteu numa doença metastática generalizada, mas a maioria das mulheres que sofrem dele vivem pelo menos 2 anos e algumas vivem entre 10 e 20 anos. O tratamento com fármacos, além de uma cirurgia apropriada, prolonga ligeiramente a vida, mas o principal motivo por que se faz este tratamento é, apesar dos efeitos secundários desagradáveis, aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Para escolher um tratamento, deve ter-se em conta se o crescimento do cancro se deve à influência dos estrogénios, quanto tempo passou desde que o cancro foi diagnosticado e tratado pela primeira vez, quantos órgãos estão afectados e se a mulher já passouda menopausa.

A mulher cujo cancro se espalhou, mas que não tem sintomas, provavelmente não beneficiará com o tratamento. Como consequência, sobretudo se tiver efeitos secundários desagradáveis, é costume adiá-lo até que surjam os sintomas (dor ou outra queixa) ou, então, que o cancro piore rapidamente. O tratamento para uma doente que sofre grandes dores ou outros sintomas incapacitantes é a administração de fármacos que bloqueiem a acção das hormonas ou a quimioterapia para suprimir o crescimento das células cancerosas. No entanto, há excepções; por exemplo, se depois de muito tempo sem recorrência do cancro é detectada apenas uma área de osso afectado, o único tratamento poderá ser irradiar essa zona. A radioterapia é o tratamento mais eficaz para tratar o cancro ósseo, pois por vezes consegue detê-lo durante anos; actua-se de forma semelhante com o cancro que atingiu o cérebro.

Nas mulheres cujo cancro é influenciado pelos estrogénios, nas quais não houve confirmação de cancro durante mais de 2 anos depois do diagnóstico, ou naquelas em que o cancro não implica risco de vida a curto prazo, costumam ser utilizados os fármacos que bloqueiam a acção das hormonas de preferência à quimioterapia. Estes fármacos são especialmente eficazes em mulheres com 40 anos ou mais que ainda são menstruadas e com produção de grande quantidade de estrogénios, bem como naquelas que atingiram a menopausa há mais de 5 anos. De qualquer forma, nenhuma destas indicações é absoluta. Como o tamoxifeno tem poucos efeitos secundários, costuma ser o primeiro fármaco bloqueador que se usa. Como alternativa, pode-se recorrer à cirurgia para extrair os ovários ou à radioterapia para os destruir e deter a produção de estrogénos.

Se o cancro começar a expandir-se de novo, meses ou anos depois da sua supressão pelos fármacos anti-estrogénios, pode-se tentar a administração de outros medicamentos. A aminoglutetimida é uma substância que bloqueia a acção dos estrogénios muito usada para o tratamento do cancro ósseo que causa grande dor. A hidrocortisona, uma hormona esteróide, é administrada simultaneamente com a aminoglutetimida porque esta anula a produção natural daquela pelo corpo, e a hidrocortisona é uma hormona essencial à vida. Recentemente, experimentaram-se novos fármacos semelhantes à aminoglutetimida para tratar o cancro da mama, mas que não requerem a administração simultânea de hidrocortisona e que parecem ser tão eficazes como a aminoglutetimida.

Os regimes de quimioterapia mais eficazes incluem fármacos como a ciclofosfamida, a doxorrubicina, o paclitaxel, o docetaxel, a vinorrelbina e a mitomicina C. São utilizados com frequência juntamente com os fármacos que bloqueiam a acção das hormonas.

Por vezes, para tratar o cancro da mama recorre-se experimentalmente aos modificadores da resposta biológica. (Ver secção 15, capítulo 163) Estes fármacos são substâncias naturais ou versões um pouco modificadas das mesmas que fazem parte do sistema imunológico do organismo. Incluem os interferões, a interleucina 2, células assassinas activadas pelos linfócitos, factores de necrose tumoral e anticorpos monoclonais. São administrados antes de passar à quimioterapia extensiva, mas a sua verdadeira função no tratamento do cancro da mama ainda não foi estabelecida.


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Risco de contrair cancro da mama ou de morrer por esse motivo
Idade (anos) Risco (%)
Em 10 anos Em 20 anos Em 30 anos
Contraí-lo Morrer Contraí-lo Morrer Contraí-lo Morrer

30-anos 0,4 -------0,1 2,0-------- 0,6 4,3 ---------1,2
40-Anos 1,6 -------0,5 3,9 1,1 7,1--------- 2,0
50-Anos 2,4------- 0,7 5,7 --------1,6 9,0--------- 2,6
60-Anos 3,6------- 1,0 7,1-------- 2,0 9,1 ---------2,6
70-Anos 4,1 -------1,2 6,5 --------1,9 7,1 ---------2,0

Baseado na informação de EJ Feuer e colaboradores: «O risco de contrair cancro da mama» (Journal of the Nacional Cancer Institute) 85 (11):892-897, 1993


Factores de risco do cancro da mama
Idade
A passagem dos anos é um factor de risco importante. Cerca de 60 % dos cancros da mama aparecem nas mulheres com mais de 60 anos. O risco é muito maior depois dos 75 anos.
Cancro da mama anterior
O risco é mais elevado quando se teve cancro da mama in situ ou invasivo. Uma vez extraída a mama doente, o risco de contrair cancro na outra mama é de cerca de 0,5 % a 1,0 % por ano.
História familiar de cancro da mama
O cancro da mama num parente de primeiro grau (mãe, irmã, filha) aumenta duas ou três vezes o risco que essa mulher corre, mas o cancro da mama em parentes mais distantes (avó, tia, prima) só aumenta o risco ligeiramente. Mesmo uma mulher cujos familiares próximos tenham cancro da mama não tem mais de 30 % de probabilidades de contrair este tipo de cancro antes dos 75 anos.
Gene do cancro da mama
Recentemente, foram identificados dois genes diferentes do cancro da mama em dois pequenos grupos de pacientes. Se uma mulher tiver um destes genes, as suas possibilidades de contrair cancro da mama são muito elevadas. No entanto, as suas possibilidades de morrer desta doença não são necessariamente maiores que as de qualquer outra mulher que dela sofra. Uma história familiar sobre esta doença é associada a uma maior probabilidade de ter estes genes: em geral várias mulheres de cada uma das três gerações tiveram cancro da mama. Por isso, não parece necessário determinar estes genes sistematicamente, excepto se a história familiar for invulgar. A incidência de cancro do ovário também é mais alta nas famílias portadoras de um dos genes do cancro da mama.
Doença mamária benigna anterior
Ter tido uma doença mamária benigna parece aumentar o risco só naquelas mulheres que têm um elevado número de canais mamários. Até nestes casos, o risco é moderado, a menos que se encontre tecido anormal (hiperplasia atípica) durante uma biopsia ou exista uma história familiar de cancro da mama.
Primeira menstruação antes dos 12 anos, menopausa depois dos 55, primeira gravidez depois dos 30 ou ausência de gravidezes
A relação entre os primeiros três factores e o risco que a mulher corre é directa. Por exemplo, quanto mais cedo começar a menstruação, maior é o risco: de duas a quatro vezes maior nas mulheres que menstruaram pela primeira vez antes dos 12 anos do que nas que o fizeram depois dos 14. No entanto, estes factores parecem ter pouca influência sobre o risco de sofrer de cancro.
Uso prolongado de contraceptivos orais ou terapia de reposição estrogénica
Quase nenhum dos estudos demonstra que existe alguma relação entre o uso de contraceptivos orais e o posterior desenvolvimento do cancro da mama, excepto em casos de administração prolongada. Depois da menopausa, submeter-se a uma terapia de reposição estrogénica durante 10 a 20 anos parece aumentar ligeiramente o risco. A terapia de reposição hormonal que combina estrogénios com progestagénios pode aumentar o risco, mas não é seguro.
Obesidade depois da menopausa
O risco é um pouco mais elevado nas mulheres pós-menopáusicas obesas, mas não existem provas de que uma dieta específica (por exemplo, com um elevado conteúdo gordo) contribua para o desenvolvimento do cancro da mama. Alguns estudos sugerem que, na realidade, as mulheres obesas que ainda menstruam têm menos probabilidades de sofrer desta doença.


Sintomas que podem indicar cancro da mama
Estes sintomas não indicam necessariamente que uma mulher tenha cancro da mama. No entanto, se os tiver, deverá consultar o seu médico.

Uma massa que ao tacto se diferencie claramente do resto do tecido mamário ou que não desaparece
Inchaço que não desaparece
Pele rugosa ou com covas
Pele escamosa à volta do mamilo
Alterações na forma da mama
Alterações no mamilo (por exemplo, um afundamento)
Secreção do mamilo, sobretudo se contiver sangue

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