quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Crise económica faz disparar número de depressões
Sessão de esclarecimento sobre doenças mentais conclui que a pressão financeira nas famílias aumenta o númro de depressões
A actual crise económica e a consequente crescente pressão financeira nas famílias são factores que favorecem o aumento dos casos de depressões. Em alturas conturbadas como a que se vive actualmente, o número de suicídios tende a aumentar. Esta é uma das principais conclusões de uma sessão de esclarecimento sobre doenças mentais realizada recentemente em Lisboa, em que participaram a Professora Maria Luísa Figueira, Chefe de Serviço de Psiquiatria do Hospital Santa Maria, o Dr. José Manuel Jara, Director de Serviço de Psiquiatria do Hospital Júlio de Matos, e Delfim Oliveira, doente bipolar e Presidente da Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares.

O estigma associado às perturbações mentais, a importância do tratamento adequado e contínuo e o apoio psico-educacional da sociedade foram algumas das questões abordadas no encontro. «As doenças mentais são, de longe, a causa mais frequente de suicídio, sendo o stress associado à crise económica um factor motivante de depressão. Por isso, em alturas instáveis como a que vivemos actualmente, o número de suicídios tem propensão a aumentar. É importante as pessoas procurarem apoio especializado quando começam a sentir os primeiros sinais de doença mental, nomeadamente depressão, que é a patologia com taxa de crescimento mais elevada nos dias de hoje», explicou a Professora Maria Luísa Figueira.

O Dr. José Jara considerou que o número de casos de doenças mentais está a aumentar nas camadas mais jovens e que a principal causa é o consumo de estupefacientes: «Actualmente, assistimos a um crescimento dos casos de perturbações mentais na faixa etária 15-30 anos e os nossos dados indicam que uma das principais razões é o consumo de estupefacientes. É importante estar alerta e acompanhar estas situações». O especialista considera, ainda, que a medicação no processo de reabilitação representa um factor-chave: «É fundamental que se comece a tratar este tipo de patologias logo de início. Muitos dos efeitos destas doenças são reversíveis com medicação apropriada».

Em Portugal, estima-se que 100 mil pessoas sofram de esquizofrenia e 200 mil de distúrbio bipolar. Segundo os especialistas, uma em cada cinco pessoas pode vir a sofrer de doença mental. A depressão é a patologia mais frequente entre mulheres, afectando cerca de 10% a 25%, o dobro comparativamente aos homens. Sinais como alterações de sono, falta de apetite, ansiedade excessiva ou oscilações de humor podem indicar perturbações mentais.

2008-11-27
(artigo retirado da Sapo)

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