quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Novo IPO de Lisboa

Novo IPO de Lisboa


Em 1923 foi criado o Instituto Português para o Estudo do Cancro pelo Decreto 9333 de 29 de Dezembro. Com este Decreto, o Ministro da Instrução António Sérgio corolava os esforços, desenvolvidos desde o final do Século. XIX, pela comunidade médica e científica portuguesa, a qual, a par das suas congéneres europeias, vinha reclamando a necessidade da existência de uma instituição dedicada à investigação, ensino e tratamento das doenças cancerosas.


A Comissão Directiva, presidida pelo Prof. Francisco Gentil, e composta pelos Professores : Marck Athias, Raposo de Magalhães e Henrique Parreira e pelo Dr. Bénard Guedes, iniciou uma intensa actividade que levou à construção em 1927 do primeiro edifício, no Casal de Sete-Rios, Palhavã. Neste edifício foram instalados o Dispensário e os Serviços de Roentgenterapia e Diatermia.


Nos anos seguintes, em que o Instituto se afirmou como o centro de excelência para o tratamento de doentes com cancro, o incremento da actividade assistencial e científica, foi sendo permitido pela construção de novos edifícios. Em 1929, o Pavilhão B dedicado a Consultas, em 1933 o Pavilhão do Rádio, primeiro edifício na Europa a ser construído segundo as normas emanadas do II Congresso Internacional de Radiologia, realizado em 1928. Para além da instalação dos equipamentos de radiologia e roentgenterapia o pavilhão possuía ainda enfermarias e Bloco Operatório. Esta obra inicial apenas se concluiria em 1948 com a construção do Pavilhão Hospitalar do Instituto Português de Oncologia, quase exclusivamente dedicado à Cirurgia.


Mas não apenas nas actividades assistencial, de ensino e investigação o Instituto se distinguiu, no panorama da saúde em Portugal, durante a primeira metade do Séc. XX. A criação da Escola Técnica de Enfermagem (ETE) em 1940, a instalação da Liga Portuguesa Contra o Cancro em 1941 e a construção do Edifício da ETE em 1944, a construção do Pavilhão D, primeira estrutura asilar dedicada a doentes, demonstram bem a preocupação de dotar o Instituto com os meios necessários para um acompanhamento adequado dos doentes com cancro, nas suas várias vertentes.


Na Investigação, o Instituto desenvolvia uma actividade intensa e vibrante. Nomes como Marck Athias, Henrique Parreira, Fernando Fonseca e Abel Salazar são apenas alguns dos que contribuíram para o desenvolvimento desta área de enorme importância.


Na área tecnológica o Instituto continuava a inovar. Em 1958 é inaugurado o Pavilhão do Cobalto, devido ao Pavilhão do Rádio não apresentar as condições adequadas de segurança. Neste novo Pavilhão é instalada a primeira Bomba de Cobalto da Península Ibérica e, novamente em 1974, o primeiro acelerador linear.
Em 1971 terminava-se o Pavilhão de Medicina e logo a seguir o novo Lar de Doentes. Um apoio necessário, já que parte importante dos que procuravam o IPO viviam fora de Lisboa. Estes edifícios vieram completar o conjunto arquitectónico que ainda hoje está em actividade.


Pensado e criado desde a sua fundação como uma instituição dedicada ao estudo e tratamento do cancro, o IPO foi-se desenvolvendo em consonância com os progressos técnico-científicos da Medicina Oncológica, mas sem nunca esquecer a marca indelével e incontornável deixada pelos seus fundadores, para quem todos os doentes eram importantes e a razão de existir da instituição. Além da excelência técnica, dos progressos tecnológicos, do primado da investigação e ensino, a actividade do IPO é, desde sempre e ainda hoje, pautada pela dedicação ao doente.





A história e evolução do IPO traduzem a evolução da Oncologia durante o Séc. XX.



À Cirurgia, principal arma terapêutica, no início do Séc XX, juntou-se a Radioterapia, com grande evolução na segunda metade do século, e, já no último quartel, a Quimioterapia e a Hormonoterapia e, mais recentemente, as terapêuticas moleculares dirigidas. No diagnóstico, os avanços técnicos na Patologia Morfológica e Clínica foram complementados pelo desenvolvimento da Genética Médica e Patologia Molecular, já no final do século. Os avanços tecnológicos na Radiologia e na Medicina Nuclear permitem hoje um diagnóstico de imagem cada vez mais completo. Toda esta complexidade é ainda aumentada pela necessidade de garantir um apoio adequado do ponto de vista psicossocial, nutricional e de reabilitação numa verdadeira integração de cuidados. A multidisciplinaridade tornou-se assim o paradigma da actividade clínica em Oncologia


Tal como afirmavam os fundadores do IPO, o Cancro veio a revelar-se como um dos principais flagelos na segunda metade do século XX, com uma incidência crescente. No nosso país é principal causa de morte no princípio deste século, apesar dos enormes avanços técnicos verificados no diagnóstico e no tratamento das doenças oncológicas que conduziram a um aumento significativo da probabilidade de cura e de longa sobrevivência.


O aumento da incidência do cancro, a crescente complexidade da sua abordagem, a necessidade de garantir a multidisciplinaridade, a progressiva transferência para cuidados ambulatórios em Oncologia, a importância da investigação clínica e translaccional tornam fundamental a adequação das estruturas físicas para a concretização das respostas necessárias.


Mais do que um novo edifício hospitalar, o novo IPO será uma estrutura perfeitamente adequada aos novos conceitos da prática oncológica, integrando a investigação, ensino e prática assistencial.


O IPO serve uma população de cerca 4.200.000 habitantes correspondente às ARS’s de LVT, Alentejo e Algarve e Região Autónoma da Madeira. Presta cuidados diferenciados oncológicos em complementaridade e em coordenação com as demais estruturas de saúde das regiões, centros de saúde, hospitais e unidades de cuidados continuados/paliativos.


O novo IPO incluirá:


• um edifício dedicado à investigação e ao ensino pré e pós-graduado, não esquecendo áreas próprias para a educação em Saúde em Oncologia .
• um edifício dedicado ao apoio psicossocial
• o edifício hospitalar incluindo:

- área de internamento com capacidade para mais de 10.000 internamentos por ano nas diversas áreas de especialidade, incluindo ainda instalações dedicadas para o Transplante de Medula Óssea, a Hematologia, a Oncologia Pediátrica, a Oncologia da Adolescência e área de internamento para braquiterapia e medicina nuclear e cuidados intensivos e intermédios.
- área de ambulatório com capacidade prevista para 200.000 consultas/ano, organizadas por Clínicas Multidisciplinares por Patologia
- Hospital de Dia e área de técnicas especiais.
- área de meios complementares de diagnóstico e terapêutica
- bloco operatório central e de ambulatório com capacidade para realização de +7.500 cirurgias por ano



O edifício hospitalar será modular, para se poder expandir, em caso de necessidade de uma forma integrada, não produzindo roturas nos circuitos internos.
O Hotel de Doentes integrado numa estrutura hoteleira própria que permitirá proporcionar estadia em condições adequadas aos doentes que necessitem de recorrer com muita frequência ao Instituto e residam à distância, bem como aos seus familiares.

No novo IPO as estruturas físicas serão adequadas ao funcionamento da instituição, proporcionando facilidade de acesso, rapidez de atendimento, conforto e segurança para os doentes e seus acompanhantes e para os profissionais, numa localização privilegiada.
Fundado há 85 anos o Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil poderá com estas novas instalações, modernas e eficientes, continuar a manter viva a tradição de bem tratar aqueles que dele necessitam.

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